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Eros: Núcleo de Estudo e Pequisa em Literatura, Erotismo e Sagrado

O Eros: Núcleo de Estudo e Pesquisa em Literatura, Erotismo e Sagrado, coordenado pela professora Leyla Brito (Departamento de Ciências das Religiões – UFPB), nasce no ano de 2017, com o propósito de investigar o Erotismo como uma das fontes que alimentam a arte literária. Enquanto um conceito bastante vasto, que se estende por várias áreas de conhecimento, o erotismo constitui uma categoria de investigação fundamental no campo das ciências humanas. Por ora, O Eros desenvolve sua pesquisa a partir dos seguintes escopos investigativos:
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Literatura, Erotismo e Sagrado:
O Filósofo francês Georges Bataille surge como um nome importante, no alcance da dimensão sagrada da vida erótica humana. “O erotismo é, na consciência do homem, aquilo que põe nele o ser em questão.” Em função dos questionamentos que o homem se impõe, a atividade sexual foi transformada em atividade erótica, na medida em que os sentimentos de incompletude e de descontinuidade do ser impulsionam a uma fusão com um outro ser, que concretiza o objeto de desejo.
A dúvida, a falta de uma certeza de si e de seu futuro faz com que o ser humano esgarce seus contornos próprios de significação objetiva, movendo-o a um percurso interior angustiante, que irá congratular-se num outro ser, em função do qual o indivíduo, ultrapassando seus contornos e fronteiras, irá romper-se, não apenas sua individualidade, mas todo o sistema de ordenação do mundo objetivo, abrindo espaço, portanto, para uma experiência transgressora e sagrada. O sagrado se manifesta no que Bataille pretende com o conceito de expérience intérieure, que seria uma viagem ao extremo possível do homem. No interior de si mesmo, o homem tem um percurso em direção a uma fusão erótica com o outro, com o objeto, em que o eu é apagado, dissolvido. É uma experiência que viola o projeto da palavra e do conhecimento lógico e da determinação sujeito-objeto. É no campo de uma compreensão da experiência interior, definida pelo autor como a “vida sagrada”, fora da prática religiosa institucionalizada e de qualquer outra prática que vise ao conhecimento doutrinal, que se desenvolve a investigação, através da qual Bataille distende os fios do conceito de erotismo.
Nesses termos, a literatura que for marcada pelo componente do erotismo, operando pela transgressão da vida regular da realidade objetiva, encaminha-se por dar a ver essa dimensão inaudita do sagrado. Interessa ao Eros apreender como o sagrado, nesses termos batailleanos, irrompe à nossa apreensão a partir do aparato artístico da linguagem literária.
2. Literatura, Erotismo e Psicanálise:
“O erotismo é a aprovação da vida até na morte”. Com essa fórmula, Bataille abre o seu “L’Érotisme”, para anunciar o quanto o par Eros e Tânatos será basilar na compreensão sobre a experiência erótica humana. Sobre essas duas energias, não se pode ignorar a teoria das pulsões de Freud, cuja terminologia é inescapável para qualquer menção às representações e vivências psíquicas humanas em relação a Amor e Morte. Para Freud, é indiscutível que o Eros psíquico tenha origens em instâncias somáticas, de forma que a função sexual e as partes do corpo a ela relacionadas, isto é, as zonas erógenas, têm participação decisiva na vida psíquica, no que diz respeito às exigências dos instintos de prazer à mente.
As pulsões sexuais ligam-se ao princípio de prazer, carregam um componente de transgressão e por isso são mais difíceis de serem educadas, na medida em que o eu, movido pelas pulsões libidinais, deposita o seu prazer no outro, no seu objeto de amor, em função do qual poderá estar exposto a experiências de sofrimento extremo, tendo em vista a possibilidade da perda do objeto amado. A exposição a tamanho risco advém da descoberta do gozo sexual como uma das formas mais intensas de prazer, a qual, segundo Freud, terminou por configurar-se como o protótipo, consciente e inconsciente, de toda a felicidade e de toda forma de amor. Nesse sentido, a vivência erótica caminha, imbricada com Tânatos, pelo desejo por auto-aniquilamento no ser amado.
A exposição mortífera ao gozo erótico é uma constante nas representações literárias dos desejos humanos. Nesse sentido, identificar o caminho erótico do universo literário a partir do escopo das categorias das pulsões, formuladas pela Psicanálise, constitui um percurso investigativo que o Eros acolhe em suas pesquisas.
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